Pensamento, crítica e criação em galego-português
Çopyright 57
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5 Março 1998 | http://www.udc.es/dep/lx/cac/sopirrait | Corunha - Galiza |
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Çopyright
honra-se hoje com a publicação de um breve escrito do insigne
poeta e pensador Avelino Abilheira, que
nos chegou por vias tão enigmáticas como a própria longa
vida do autor. Em seguida quisemos contactar com ele para agradecer-lhe a
entrega, mas, como sempre, Avelino Abilheira já partira, de uma morada
para outra, sem morada única, no seu país sem
morada.
Muito obrigados, sempre.
Avelino Abilheira
Para as gentes amigas de Çopyright. |
Esta tarde, a olhar para a recente assinatura do meu nome
numa carta, tive a transparente sensação de que essa pessoa
não era eu. O meu nome apareceu-me alheio, e durante uns momentos
pensei quem se ocultaria trás ele. Não tenho nem terei
a oportunidade de conhecer-me como outro homem que me provocaria a estranheza
do desconhecido, e por isso senti nostalgia de mim mesmo, dessa réplica
que usurpou o meu nome e a minha figura para sempre.
Mas essa é a natureza de ser, suponho. Há um azar maior do que a vontade, e, excepto na literatura que convoca mundos quase sempre mais interessantes, estamos sujeitos perenemente à nossa única e familiar identidade. Pouco há já que possa descobrir em mim próprio. Só me resta tentar aceitar-me, o que significa aguardar até um minuto de morte para compreender o quê fora a minha vida. Janeiro 1998.
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