Pensamento, crítica e criação em galego-português
Mesmo para as cousas mais miúdas,
a sensação de imperfeição constante
é o motor da inutilidade das acções humanas.
Talvez Çopyright esteja a expandir-se,
em maneiras que se nos escapam.
Pedro Diniz de Sousa
Pedro.Sousa@fcsh.unl.pt
Será? Será que alguém
vai cumprir a nossa vingança, nossa de milhões, os
milhões que escrevem oprimidos ou libertados pela ideia de que
esses textos se destinam à gaveta? O nosso acto - escrever -
não tem sido mais do que uma alternativa à vida, a
transplantação da vida no papel, num suporte eventualmente
menos volátil do que o oxigénio. Escrever tem sido para
nós saber que a gaveta continuará na nossa morte guardando
os nossos textos, beleza da nossa existência. Assim, tenho para mim
que em qualquer momento se me põem duas alternativas: viver e
escrever. Porque enquanto escrevo, e por/para observar a vida, coloco-me
do lado de fora da vida, transponho a fronteira da vida, e o momento em
que a minha caneta toca no papel é o momento em que pára a
respiração. A vida é acção e a escrita
é o registo dessa acção. A escrita é a
fotografia que mente, porque tal como a fotografia, ou reduz ou
realça. Não reproduz, porque a palavra é um meio
técnico demasiado rudimentar para proceder a uma clonagem. A
escrita é a falsa prova.
Se publicarmos os nossos textos, ou se os emprestarmos, ou os dissermos a alguém, ou sòmente se eles se tornarem visíveis, então há na escrita uma outra função, menos fundamental, mais mundana, que a arranca da solidão da morte.
Será que vocês vão tornar as nossas gavetas visíveis? Será que vão encher de luz o acto obscuro de "meter na gaveta", que significa esquecer, arrumar aquilo de que já se não precisa?
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