Pensamento, crítica e criação em galego-português
Uma revolta exilada num bunker de emprego, ordenado, casa e casamento, sob um céu onde se desenham os novos adamastores simbólicos que chegam pelas televisões jornais internet, por um cabo que enfiaram na parede do crânio-lar depois de a furarem com um Black & Decker.
Luta dentro das quatro paredes de cada dia. Pode ser que à noite vás beber uma cerveja.
Faz a cama, dá comida ao gato, muda a areia, toma banho, faz o café e arruma tudo, não te atrases. Pode ser que à noite haja futebol na televisão.
Esgrima dentro das quatro paredes da casa contra as coesas galáxias de ideias que os poderosos desenharam no firmamento com os sofisticados brinquedos que lhes deram na infância. Se elas te gritam ao ouvido enquanto sonhas e te buzinam e chamam animal! por não teres arrancado logo ao sinal verde, então toma este comprimido dos laboratórios Wander. Pode ser que à noite isso passe.
As pessoas são absolutamente horríveis, concluí inspirado pelo calor de um agosto mais carregado de mim que se instalou para sempre no inverno perpétuo. Ter um filho para lhe dizer o quê de uma humanidade sucessivamente escravizada por imperadores de tantos rostos?
Ser o quê?
Çopyright 24:
Exilados sem querê-lo,
Celso Alvarez Cáccamo
Çopyright 26:
Poemas de Beira Norte,
Xavier Rodríguez Baixeras